segunda-feira, 24 de maio de 2010

Outros achados

Ligaram para minha casa me solicitando uma entrevista sobre o machão, sobre as relações homem/mulher.
Conversamos, busquei exemplos na Literatura, mas, o que saiu publicado no caderno da Gazeta do povo foi o texto abaixo. Nada de Marina Colasanti, nada de Ivana Leite...
Como não pude controlar a publicação....

Escrito 3 de maio de 2010 at 9:14 por Equipe QIR
Quem é o homem com “H”
Categoria Cultura Geral, comportamento no comments
Enquanto o modelo tradicional do homem provedor e todo-poderoso é mandado para as cucuias, mudanças na nossa cultura fazem a turma da testosterona repensar o conceito de masculinidade

O homem contemporâneo não é um só, e essa diversidade tem sido negligenciada pelos estudiosos. É difícil encontrar antropólogos que topem falar do assunto, psicólogos que não vejam o homem pela perspectiva feminina e pesquisadores que indiquem estudos atuais a respeito. O que descobrimos ser unânime é a desorientação que hoje assombra o sexo masculino. “O próprio homem tende a querer ser um mistério. Ele não se abre como as mulheres, prefere manter segredo sobre quem realmente é e até participar de ambientes secretos e restritos”, diz o antropólogo Carlos Balhana, mestre em História Social do Brasil.


Antes, receber o carimbo de “macho” era mais fácil. Bastava fumar charuto, sentar à mesa e aguardar o melhor pedaço de carne, ser encrenqueiro e falar grosso. Dá para imaginar cabra mais macho que esse?

Depois vieram os conceitos de homossexual, metrossexual e, quando o clube masculino teve de assumi-los e respeitá-los, a coisa ficou mais complicada. Junte isso às consequências da luta feminina por novos espaços. Nada de farrear até de madrugada, nada de regalias em casa ou piadinhas preconceituosas. Assim como a mulher foi podada por muito tempo, o homem teve de experimentar as tesouradas, e agora resta observar essa nova forma de ser masculino, conceito que abrange múltiplas facetas.

Novos desafios

A professora doutora em Literatura da PUCPR Catia Toledo Mendonça lembra que hoje eles lidam com uma mulher que não conhecem, que exige um desempenho sexual, que não precisa aceitar as amantes ou recolher, sorridente, as cuecas recém-abandonadas pelo chão. “Hoje ele se vê em um relacionamento com alguém tão importante quanto ele. E está tendo de aprender a lidar com essa nova situação”, diz.

As mulheres também são apontadas pelo psicanalista Márcio Zanardini Vegas, mestre e doutorando em Psicologia, como influenciadoras dessas mudanças. “O homem ficou assustado com a mulher que não precisa dele. Ele não tem mais aquela bem-definida função de provedor e parece perdido”, diz.

Autoafirmação

Os pesquisadores que se propuseram a estudar o comportamento masculino (das décadas passadas) já diziam que a masculinidade é dependente da aprovação de outros homens, e que ela se define basicamente como “não ser como as mulheres”, conduta que pode levar a atitudes exageradamente masculinas.

A psicóloga Renate Michel, psicoterapeuta, mestre em edu­­­cação e professora da PUCPR, explica que são os ho­­­mens mais inseguros em relação à sua identidade que procuram se afirmar com estereótipos masculinos, ou seja, como machões, ogros, brutamontes… Eles são agressivos com outros homens ou com a própria família, ou trabalham demais, assumindo a postura de provedor (dizendo que o fazem pelo bem da sua família).

“O homem seguro de si não se sente ameaçado pelo homossexual, por exemplo. Já os inseguros sentem-se agredidos pela existência de gays ou bissexuais, estranham ‘este outro que é tão diferente de mim, e, no entanto, é homem’”, afirma Renate.

O (in)sucesso do machão
Pensando sobre o assunto desta reportagem, não pudemos deixar de refletir: a vitória do – considerado machão, homofóbico e mal-educado – Dourado, na última edição do reality show Big Brother Brasil, e o apoio que ele recebeu do público feminino seriam demonstrações de que o machão de antigamente está sendo valorizado em pleno século 21? Os especialistas dão o seu pitaco:

“Imagino que as mulheres tenham interesse por homens grosseirões como ele, pelo menos no campo da fantasia. Mas elas não bancam isso no dia a dia. A mulher não aguenta mais o machão, especialmente as que estão na faixa dos 30 anos.”

Márcio Zanardini Vegas, psicanalista, mestre e doutorando em Psicologia.

“Ainda existem mulheres que se colocam no papel antigo de submissão. Mulheres que vivem com homens grosseiros, com agressões físicas ou verbais, desde que sejam sustentadas. Elas se acomodam em uma relação quase que doentia porque acham que vai ser ruim ficar sozinha ou ir à luta. Talvez sejam essas as mulheres que apoiam o Dourado.”

Catia Toledo Mendonça, professora doutora em Literatura da PUCPR.

“Eu não entendo a vitória do Dourado, pois o tempo todo achei que o Kadu (terceiro colocado no programa) fosse ganhar. Mas, enquanto o Kadu era bonzinho, sabia de tudo e estava sempre bem, o outro se mostrou frágil em alguns momentos e falou de seus problemas.”

Bárbara Snizek, psicóloga de uma agência de relacionamentos.

“Estamos em uma época de muita indefinição para o ser humano. O Dourado pode ter representado essa volta de um homem que se define, que sabe o que pensa e o que quer.”

Renate Michel, psicoterapeuta, mestre em Educação e professora da PUCPR.

Maridos à moda antiga
Teoricamente, mulheres mo­­­­dernas e emancipadas tenderiam a se interessar por homens igualmente mais “evoluídos” – sensíveis, compreensivos, atenciosos, prestativos, e que se disponham a dividir a provisão financeira da família, as atribuições domésticas e a educação dos filhos. Certo?

Nem sempre. Há ca­­­sos de mulheres dinâmicas e independentes que, à procura do homem “ideal”, acabam cedendo aos encantos dos machões à moda antiga. É o caso da empresária Paula Cris­­­tina Mafra Magalhães Monteiro, 31 anos, casada há mais de três anos com o gerente de transporte Gustavo Nicolau Mello, 31, – com quem tem uma filha, Ma­­­riana, 3.

Osso duro de roer

Gustavo é o estereótipo do ma­­­­chão: quase dois metros de altura, forte, cara de poucos amigos e uma maneira de pensar que provocaria a fúria de muitas mulheres. “Dentro de casa tem que prevalecer a opinião masculina”, dispara. E vai além: “Eu preferia que a Paula não trabalhasse, porque ela cuidaria melhor da casa, da Mariana e de mim”. Tampouco é muito dado aos afazeres domésticos – com exceção da culinária ocasional. “Ele cozinha muito bem, às vezes melhor do que eu”, admite Paula, que sintetiza a mulher contemporânea – determinada, trabalhadora, independente. E o que então ela viu num cara como Gustavo? Ela mesma responde: “Proteção, segurança… a gente também percebe esse jeito mais rude como uma postura muito segura, e toda mulher precisa de segurança.”

Mesmo assim, Paula ainda acredita que um dia vai conseguir fazer aflorar o lado mais “sensível” de Gustavo: “Eu enxergo bem no fundo dele uma sensibilidade, uma faceta mais delicada e romântica”.

A psicóloga Bárbara Snizek entende o que Paula quer dizer, e explica que nem mesmo o mais machão assume esta postura o tempo todo. “As pessoas não são os personagens puros. No caso das mulheres, ficam esperando um tipo ideal, o cara másculo, mas que ajude em casa, seja sensível, ajude com os filhos e abra a porta do carro. Mas acontece que o tipo ideal não existe e nem pode ser moldado e aí vêm os conflitos”, diz.

Camuflagem

Quando a publicitária Su­­­­za­­­na Gauginski Camboim, 33 anos, se interessou pelo engenheiro químico Fabrício Philippi Camboim, 35, viu que ele se aproximava muito do ideal traçado por boa parte das mulheres. “Como ele cresceu numa casa com três irmãs, parecia ter ao mesmo tempo a segurança do homem clássico e a sensibilidade do moderno. A gente quer um homem protetor, mas que seja também mais flexível. E ele precisa ter sensibilidade para conciliar os dois papéis”, diz.

No ano passado, Suzana cedeu aos apelos do marido e pa­­­rou de trabalhar fora para poder dedicar mais tempo à filha Mirella, de 4 anos. Foi quando Fabrício revelou seu lado mais conservador. Para resolver o problema financeiro, passou a depositar uma mesada para a mulher mensalmente. “Para mim, o papel do homem e o da mulher na família são complementares: o homem deve ser o provedor financeiro e trazer segurança para o lar, enquanto à mulher cabe agregar e manter a harmonia da família, transmitir valores, orientar e passar uma boa educação aos filhos.” E tenta amenizar: “Os dois papéis são igualmente importantes”. Mas ela não aceita quietinha, e protesta em alto e bom som: “Eu vou voltar a trabalhar.” Referência: Gazeta do Povo – Por: Adriana Czelusniak - adrianacz@gazetadopovo.com.br

Em outra época, outra entrevista:


Livros de graça e ao alcance das mãos
Publicado em 10/06/2008 | POLLIANNA MILAN
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Perca um livro e incentive a leitura entre as pessoas que você não conhece. Esse é o objetivo de um projeto lançado no Brasil, o Passe Adiante, e que já é habitual em outros 130 países. Trata-se de uma corrente de leitura que pretende aumentar o número de leitores no país: após ler um livro, a pessoa é convidada a deixar a publicação em um local público para que outro leitor possa ter acesso à obra. Por isso não estranhe se algum dia você encontrar um livro “perdido” em um banco de alguma praça.
Na última sexta-feira, a reportagem acompanhou a distribuição de quatro livros pelas ruas da cidade. A primeira reação de quem encontra a obra é tentar devolvê-la à pessoa que supostamente teria perdido. Depois vem o olhar desconfiado: não será uma pegadinha? Somente quando a pessoa começa a manusear o livro é que vai entender o projeto: na capa, um selo o identifica como sendo de uma corrente de leitura. Logo em seguida, a pessoa começa a ler a obra ou a leva para casa, com a promessa de que depois vai deixá-la em algum outro lugar da cidade. “Gostei do projeto, porque ganho pouco e não posso comprar livros. A sorte é que o que eu encontrei era de poesia, minha leitura predileta”, conta o promotor de vendas Julio Cesar Mariano, que achou a obra em um banco da Praça Zacarias, onde pretende deixá-la daqui a alguns dias
O projeto é uma iniciativa das Livrarias Curitiba e existe desde 2005 na capital paranaense. Ao todo, já foram colocados na rua cerca de 5 mil exemplares. “Algumas pessoas que conheceram o Passe Adiante nos procuraram para conseguir a etiqueta e, assim, colocar livros por conta própria nas ruas da cidade. É sinal de que deu certo”, explica a gerente de marketing da rede, Adriane Pasa.
Empréstimo
Compartilhar livros para aumentar o acesso à leitura é uma prática comum desenvolvida entre os brasileiros, conforme apontou a última pesquisa sobre leitura no Brasil, divulgada na semana passada – ela foi feita pelo Instituto Pró-libro, em parceira com o Ibope Inteligência. Os livros lidos, segundo o Instituto, normalmente são emprestados de amigos, parentes ou de bibliotecas. A compra ocorre apenas entre a população de maior poder aquisitivo.
Duas educadoras consultadas pela reportagem elogiaram o projeto Passe Adiante, porque ele acaba sendo uma forma de aumentar o número de livros lidos ao ano, que hoje não chega a cinco obras por pessoa. “Mas é importante lembrar que um projeto como este só existe porque o Estado está omisso. Ele tem a obrigação de disponibilizar cultura, mas não o faz”, afirma a professora do setor de Educação da Universidade Federal do Paraná Lígia Klein. A doutora em literatura e professora da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) Catia Toledo Mendonça, diz que a iniciativa já é uma forma de fazer com que as pessoas manuseiem o livro e comecem a se interessar por ele. “Por trás disso, porém, é preciso ter um acompanhamento. Corre-se o risco de a pessoa pegar um livro que não está preparada para ler. Então, desiste da leitura e começa a achar que ler não é bom”, lembra.

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