segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Novas culturas

Um excelente exercício para desenvolver o repertório das crianças e criar um leitor sem preconceitos é apresentar-lhe várias culturas diferentes. As histórias permitem isso. Quanto mais variadas as origens das histórias, tanto maior o universo de nossas crianças...
Uma história da tradição Sufi...Vale a pena pesquisar...




O Sonho de Habib, Filho de Habib

Durante todo o dia, Habib, o tapeceiro, sentava-se diante de seu tear com os aprendizes à sua volta e tecia um lindo tapete. Mas seu filho, Habib, filho de Habib, quase nunca estava presente. Ele não se interessava por tapetes. Ele gostava de ir ao caravançará, onde se reuniam todas as caravanas de camelos no seu caminho para Samarkanda, para Bokara ou para as praias da Enseada Dourada.
Um dia, enquanto olhava um cavalariço penteando a cauda prateada de um dos cavalos pertencentes a um mercador de Tabriz, Habib, filho de Habib, pensou consigo mesmo:
"Ah, se eu pudesse seguir as caravanas."
— Por que você está tão interessado no lindo corcel do meu senhor? — perguntou o cavalariço. — Você, um menino empoeirado, deve estar muito mais acostumado com burros!
— Um dia, quando for mercador — disse Habib, filho de Habib –, terei um cavalo como esse, também terei bolsas cheias de ouro e vou me casar com uma princesa.
— Fora daqui, pequeno galo de briga! — gritou o cavalariço. — É melhor você sair de perto deste cavalo ou então vai levar um coice quando menos esperar.
Então o menino foi embora, e chegou em casa bem na hora em que seu pai ia sair à sua procura com uma grande vara na mão.
— Preguiçosa criatura! — gritou Habib. — Quando preciso de você para separar os fios de lã colorida você não está. Aonde você foi? Aposto que estava outra vez no caravançará. Volte ao trabalho ou vai levar um surra.
— Pai, se eu pudesse ir com as caravanas para algum lugar diferente poderia fazer fortuna, tenho certeza disto.
— Sonhando acordado outra vez! — e Habib deu-lhe um tapa no pé do ouvido, levando-o, pela orelha, para dentro da loja.
Nessa noite, Habib, filho de Habib, esgueirou-se para fora de casa sob a brilhante luz da lua, determinado a juntar-se à caravana que partiria ao amanhecer. Debaixo do braço levava um pequeno tapete, o mais velho da loja, do qual ninguém sentiria falta, ele tinha certeza, pois há muito tempo estava jogado num canto. Esperava que quando seu pai notasse a sua ausência ele já estivesse longe.
No mercado, camelos com sinos em seus arreios estavam sendo carregados. Todos os mercadores arrumavam suas bolsas nas selas e suas cestas nas costas dos camelos.
Habib, filho de Habib, aproximou-se de um velho homem de barba e disse:
— Bondoso senhor, deixe-me acompanhá-lo, pois quero viajar e meu pai só quer que eu faça tapetes.
— Vá embora — disse o mercador. — Não posso levá-lo comigo sem o consentimento de seu pai. Volte para falar com ele, e se ele permitir então pode ser que eu leve você comigo.
Habib, filho de Habib, dirigiu-se a outro mercador:
— Tomarei conta de seus camelos, deixe-me ir com você para lugares distantes.
Mas o homem respondeu:
— Você é muito pequeno e, de qualquer forma, já tenho dois meninos que cuidam dos meus camelos durante a viagem. Vá embora, volte para sua casa antes que notem a sua falta.
Nesse momento os galos já começavam a cantar, e o dia estava nascendo. Os camelos se levantaram e logo iriam partir pelo portão da cidade em direção à terras estrangeiras.
Quando o último camelo estava partindo o homem que o guiava disse a Habib, filho de Habib:
— Quer seguir com a caravana, meu menino? Você parece estar sozinho e não ter ninguém para cuidar de você. Quer acompanhar-me no caminho de Samarkanda?
Então o menino pulou de alegria e saiu correndo ao lado do último dos camelos. O homem, que era um mercador de lã, seguiu ao lado de seu camelo, que estava carregado demais, e ficou contente de ter o menino como companhia. Seu nome era Qadir e disse a Habib, filho de Habib, que lhe daria um dinar de prata por mês se ele o ajudasse a cuidar de seu camelo nos poços e fontes de água.
Foram dias e noites de grande alegria para o menino enquanto ele viajava no final da enorme caravana de camelos, através de lugares montanhosos e desertos de areia, sob sol e chuva até que chegaram a Samarkanda.
Habib, filho de Habib, ganhou seu primeiro dinar de prata e foi andar pelas ruas da cidade, procurando coisas para comprar. Comprou uma boina branca bordada com fios de seda e um colete verde de feltro revestido de algodão verde. Nessa noite não conseguiu dormir de tão feliz que estava. Sentou-se no tapete que havia trazido de casa e olhou para os brincos que havia comprado para sua mãe.
— Gostaria de poder voar nesse tapete — disse baixinho, enquanto olhava à sua volta.
Nem bem as palavras saíram de sua boca, ele já estava voando pelo ar sentado de pernas cruzadas sobre o tapete.
— Um tapete mágico! — ele gritou. — Eu nunca soube disso durante todos estes anos.
Então se dirigiu ao tapete e disse:
— Leve-me ao palácio do rei deste país.
Era uma noite de lua brilhante, tão clara como o dia, e ele viu que, lentamente, o tapete o levava para o terraço de um palácio de mármore, onde, à luz da lua, a princesa Flor Dourada brincava com bolinhas de gude. A princesa era da mesma idade que Habib e ficou tão contente de ter um companheiro para brincar que o chamou para perto dela. Ela o confundiu com o filho do aguadeiro do palácio. Deu-lhe uma bola de rubi e pegou uma de cristal, ordenando-lhe que tentasse vencê-la no jogo. Em alguns minutos várias bolinhas preciosas, um diamante, uma esmeralda e uma turquesa, estavam sendo espalhadas para todos os lados pelo rubi de Habib.
A princesa Flor Dourada estava começando a arrumar uma outra linha de bolinhas quando se ouviu um grito. A ama da princesa vinha correndo na direção deles.
— Princesa, princesa, volte para casa imediatamente! — ela gritou. — Que ousadia deste camponês empoeirado, vestido com um colete de feltro verde, vir brincar com a filha do rei!
Nesse momento, Habib, filho de Habib, pulou no seu tapete mágico e ordenou que ele começasse a voar.
— Leve-me de volta para minha própria casa! — disse. Imediatamente o tapete levantou vôo, para surpresa da princesa e da velha ama.
Houve um som de ventania, e tudo ficou escuro para Habib, filho de Habib. Ele começou a sentir-se tonto e seus olhos se fecharam. O tapete continuou a voar, e logo ele estava dormindo. Ele só acordou quando estava outra vez na casa de seu pai.
Abriu os olhos e viu que estava na sua própria cama. Os galos cantavam e o dia
amanhecia.
— Acorde meu filho — disse o tapeceiro, sacudindo os ombros do filho. — Você gostaria de seguir a caravana e ver o mundo? Eu consegui que um mercador de Bagdá consentisse em levá-lo com ele na viagem.
Habib, filho de Habib, olhou embevecido para seu pai. Então tudo tinha sido um sonho? Mas ele segurava na mão uma bolinha vermelha, de rubi. Entregou-a ao pai.
— Veja, ganhei isto quando jogava com a princesa. Intrigado, o tapeceiro girava o rubi entre seus dedos.
— Onde achou isto? Se vendermos este rubi ao joalheiro ficaremos ricos. Tem certeza de que não o roubou?
— Eu o ganhei — insistiu o menino, e contou ao pai toda a história, do começo ao fim.
— É magia — gritou Habib, e correu para contar tudo à mulher.
Quando os dois foram falar com o menino, ele contou novamente a história, e eles acreditaram nele.
— Onde está o tapete voador? — perguntou sua mãe. Mas o tapete não se encontrava em parte alguma. Então Habib, filho de Habib, pôs um pouco de comida num alforje e correu para o caravançará. Habib deu-lhe sua bênção e o mercador de Bagdá prometeu trazê-lo de volta depois de seis meses.
Alguns anos mais tarde, quando cresceu o bastante, tornou-se mercador de tapetes e transportava a mercadoria de seu pai de país em país, e com isso conseguiu reunir grande riqueza. Então começou a se perguntar se existiria de fato uma princesa com o nome de Flor Dourada que ele conhecera no seu sonho e cujo rubi o colocou no caminho da fortuna. Durante as viagens perguntava a todos se a conheciam, até que chegou à terra de Sogdiana.
— Qual é o nome da filha do rei? — perguntou a alguém na casa de chá em que se encontrava.
— Princesa Flor Dourada — disseram.
Então ele soube que sua busca terminara. Enviou valiosos presentes para o rei e pediu permissão para casar-se com sua filha.
— Só se minha filha quiser — disse o rei.
E arranjou para que Flor Dourada visse o jovem através de uma treliça secreta que havia na parede da câmara de audiências.
Assim que a princesa pôs os olhos no jovem e belo mercador de tapetes se apaixonou por ele, e enviou uma mensagem a seu pai dizendo que se casaria com ele e com nenhum outro.
— Que assim seja — disse o rei. — A felicidade de minha filha é mais importante do que qualquer título de nobreza. Que os ritos de casamento sejam realizados.
Na festa de casamento, Habib, filho de Habib, colocou um rubi de raro valor incrustado em uma corrente de ouro em volta do pescoço de sua esposa.
Eles viveram felizes para sempre, até que Allah mandou buscá-los finalmente.

História publicada em: Histórias da Tradiçao Sufi

Mais histórias...

A revista Escola nos presenteou com um baú de histórias, maravilhoso! Vale a pena conferir! O endereço:



http://revistaescola.abril.com.br/leitura-literaria/era-uma-vez.shtml




Conto: Dona Cotinha, Tom e Gato Joca. Ilustração: Ionit Zilberman

Uma pequena mostra do que encontrar; se eu fosse esqueleto, de Ricardo Azevedo.

Se eu fosse esqueleto não ia poder tomar água nem suco porque ia vazar tudo e molhar a casa inteira. 

Tirando isso, ia acordar e pular da cama feliz como um passarinho. 

É que ser uma caveira de verdade deve ser muito divertido. 

Por exemplo. Faz de conta que um banco está sendo assaltado. Aqueles bandidões nojentões, mauzões, armados até os dentões, berrando: 

- Na moral! Cadê a grana? 

Se eu fosse esqueleto, entrava no banco e gritava: bu! 

Bastaria um simples bu e aquela bandidagem ia cair dura no chão, com as calças molhadas de úmido pavor. 

O gerente e os clientes do banco iam agradecer e até me abraçar, só um pouco, mas tenho certeza de que iam. 

Se eu fosse caveira, de repente vai ver que eu ia ser considerado um grande herói. 

Fora isso, um esqueleto perambulando na rua em plena luz do dia causaria uma baita confusão. O povo correndo sem saber para onde, sirenes gemendo, gente que nunca rezou rezando, o Exército batendo em retirada, aquele mundaréu desesperado e eu lá, todo contente, assobiando na calçada. 

Um repórter de TV, segurando o microfone, até podia chegar para me entrevistar: 

- Quem é você? 

E eu: 

- Sou um esqueleto. 

E o repórter: 

- O senhor fugiu do cemitério? 

Aí eu fingia que era surdo: 

- Ser mistério? 

E o repórter, de novo, mais alto: 

- O senhor fugiu do cemitério? 

- Assumiu no magistério? 

- Cemitério! 

- Fala sério? Quem? 

Aí o repórter perdia a paciência: 

- O senhor é surdo? 

E eu: 

- Claro que sou! Não está vendo que não tenho nem orelha? 

Se eu fosse esqueleto talvez me levassem para a aula de Biologia de alguma escola. Já imagino eu lá parado e o professor tentando me explicar osso por osso, dente por dente, dizendo que os esqueletos são uma espécie de estrutura que segura nossas carnes, órgãos, nervos e músculos. 

Fico pensando nas perguntas e nos comentários dos alunos: 

- Como ele se chamava? 

- É macho ou fêmea? 

- Quantos anos ele tem? 

- Tem ou tinha? 

- Magrinho, não? 

- O cara sabia ler ou era analfabeto? 

- E a família dele? 

- Era rico ou pobre? 

- O coitado está rindo de quê? 

E ainda: 

- Professor, ele era careca? 

Enquanto isso, eu lá, no meio da aula, com aquela cara de caveira, sem falar nada para não assustar os alunos e matar o professor do coração. 

Uma coisa é certa. Deve ser muito bom ser esqueleto quando chega o Carnaval. Aí a gente nem precisa se fantasiar. Pode sair de casa numa boa, cair no samba, virar folião e seguir pela rua dançando, brincando e sacudindo os ossos. Parece mentira, mas, no Carnaval, porque é tudo brincadeira, a gente sempre acaba sendo do jeito que a gente é de verdade. 

Se eu fosse esqueleto, quando chegasse o Carnaval, ia sair cantando: 

Quando eu morrer
Não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela
 

Todo mundo sabe que o maior amigo do homem é o cachorro. 

O que a maioria infelizmente desconhece e a ciência moderna esqueceu de pesquisar é que o pior inimigo do esqueleto late, morde, abana o rabo, carrega pulgas e aprecia fazer xixi no poste. 

E se eu fosse esqueleto e por acaso um vira-lata me visse na rua, corresse atrás de mim e fugisse com algum osso dos meus?

Fórum de Letras da PUCPR

Biblioteca Pública em Paranaguá

Foi inaugurada a Biblioteca Pública em Paranaguá. Na ocasião, esteve presente Affonso Romano de Santanna, que já foi diretor da Biblioteca Nacional Brasileira, importante crítico e poeta brasileiro.
Numa época em que se fecham cursos de formação de professores, as bibliotecas ganham maior destaque e importância no contexto da formação de leitores do Brasil. Precisamos de mais bibliotecas, para que mais brasileiros possam ter acesso a livros. Lembrando Lobato: "Um país se faz com homem e livros" Parabéns, Paranaguá!

Contando histórias

Ouvir histórias faz bem para todo mundo. Ouvir histórias "serve" para várias finalidades, como exige a pragmática Escola brasileira:
- Desenvolve na criança a percepção de princípio, meio e fim, que toda narrativa tem;
- Ensina a prestar atenção, a ouvir;
- Aumenta o vocabulário do ouvinte. Criança, quando não entende a palavra, pegunta, não é necessário substituir as palavras "difíceis" por outras mais fáceis. Isso tira da criança a oportunidade de ter contato com novas palavras, de aumentar seu repertório.
- Alimentar a imaginação,
- Exercita a capacidade infantil de estabelecer relações entre textos
- Contribui para a formação de um repertório de narrativas, que mais tarde poderá ser acionado, no ato da leitura;
- Contribui para a formação do leitor...

Então, além da sempre possível leitura em sala (preparada, feita em casa, anteriormente, treinada, de preferência) há muitas outras possibilidades.
No vídeo da PUC aparecem mais informações sobre o assunto, por isso compartilho o endereço..

http://www.youtube.com/watch?v=QsCnVE3wjqw

Cantigas de nossa infância..

Como é importante recuperar os elementos da cultura popular! Cantigas de ninar, brincadeiras de roda, histórias que as avós contavam..
Encontrei umas dicas, no site da revista Escola..


Cantigas de roda para crianças da Educação Infantil

Ouça esta coletânea de cantigas de roda e aprenda como utilizá-las para desenvolver as brincadeiras, os movimentos e a linguagem oral dos pequenos, além de contribuir para a iniciação musical deles

Paula Nadal (paula.nadal@fvc.org.br)

Bambalalão
Bambalalão
Ouça a cantiga e acompanhe a letra



O pião entrou na roda
O pião entrou na roda
Ouça a cantiga e acompanhe a letra


Sambalelê
Sambalelê
Ouça a cantiga e acompanhe a letra
 Vale a pena conferir a matéria!